sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Os sem voz!

Na minha flutuante leitura diária e no acompanhamento que faço da vida pública local, nacional ou internacional e independentemente do que penso, gosto também de saber o que esses protagonistas políticos pensam e fazem.
Quando estamos de fora e não vivemos as estratégias e combates políticos por dentro as nossas posições são muito mais desapaixonadas e isentas e talvez por isso há da nossa parte um juízo mais justo nas apreciações que fazemos.
Se como alguns dizem os autarcas são eleitos e não podem ser removidos e eu concordo, também existem alguns que são eleitos e não têm o mínimo de vocação para o exercício de funções públicas, mas isso todos sabemos e penso ser pacífico.
Mas o que na minha opinião não é pacífico é os autarcas serem eleitos e em alguns órgãos não terem voz na actividade que desenvolvem e a população não conhecer as suas posições e o trabalho que realizam ou os projectos existentes para execução nas áreas que estão à sua responsabilidade.
Se estiverem atentos, verificam que na Câmara Municipal de Odivelas raramente vêm um eleito a dar conta do seu trabalho e a exprimir as suas posições, alguns deles fazem-no esporadicamente sobre um ou outro assunto e nas reuniões acenando com a cabeça mesmo que não concordem.
Se compararmos esta actuação com outros eleitos de outras câmaras municipais, verificamos que o seu protagonismo está patente nas reais delegações de competências que recebem dos presidentes de câmara, por cá provavelmente nenhum tem a autonomia suficiente para decidir sobre assuntos relacionados com as áreas que lhes estão afectas e sobretudo em investimentos a efectuar e que fazem parte dos seus objectivos subjacentes a planos de trabalho e orçamentos aprovados, as suas decisões acabam por resultar em despesas de rotina ou assuntos do dia a dia.
Talvez por isso ache muito estranho que por cá se utilize muito a esfarrapada argumentação da democracia representativa e da condição dos eleitos enquanto tal, já que no dia a dia não se respeita essa condição e se faça permanentemente a remoção da delegação de competências e da voz.

2 comentários:

  1. Maria Máxima Vazfevereiro 26, 2011

    O Sr. Vítor veio falar de um tema que é muito importante e devia ser objecto de discussão. Para mim é pacífico que um executivo é um órgão colegial e não presidencial. Desde sempre estive ligada ao trabalho autárquico e sempre foram essas as práticas e são hoje respeitadas e seguidas em geral. Os vereadores gerem os pelouros que lhe foram confiados, escolhem os seus colaboradores, organizam com eles o seu trabalho, propõem as iniciativas a levar a cabo e respondem por elas perante os companheiros de equipa e perante o público. E assinam. Eles é que dão conhecimento público e falam das suas áreas. Quem vemos na comunicação social a falar do turismo em Óbidos? O vereador do turismo. Quem vem falar de cultura em Alcobaça? O vereador da cultura.Estes exemplos são extensivos a todas as autarquias, excepto uma no país. Mas no passado recente, era mesmo uma prática sem nenhuma excepção.E assim é que está correcto. Centralizar há muito que deixou de se praticar e não é aceite, mesmo que apenas em teoria.

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  2. Xico da Memóriafevereiro 26, 2011

    Sou da mesma opinião. Os vereadores também são políticos e devem ter direito a construir a sua carreira política. Para tal, precisam de ser conhecidos eles, as suas ideias, os seus projectos, as suas iniciativas, as suas realizações. Os munícipes devem ser conhecedores do valor de cada um deles. Neste município, realmente os vereadores não têm voz. Só a presidente. Porquê? Não lhes reconhece competência? Não quer repartir com eles os louros do sucesso? Sendo assim, terá que assumir também todos os erros. Ninguém consegue, sozinho, realizar bons projectos. Além disso, um órgão que assim funciona, dá muito má imagem. O respeito pelo valor e trabalho de toda a equipa é uma norma democrática. Isto é um anacronismo, para não dizer que é uma anornal vergonha municipal.

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